Compositor: Carl Orff
Ó fortuna
És como a lua
Mutável,
Sempre aumentas
E diminuis;
A detestável vida
Ore escurece
E ora clareia
Por brincadeira a mente;
Miséria,
Poder,
Ela os funde como gelo.
Sorte monstruosa
E vazia,
Tu – roda volúvel –
És má,
Vã é a felicidade
Sempre dissolúvel,
Nebulosa
E velada
Também a min contagias;
Agora por brincadeira
O dorso nu
Entrego à tua perversidade.
A sorte na saúde
E virtude
Agora me é contrária.
Dá
E tira
Mantendo sempre escravizado.
Nesta hora
Sem demora
Tange a corda vibrante;
Porque a sorte
Abate o forte,
Chorais todos comigo!
Choro as feridas da fortuna
Com os olhos rútilos;
Pois que o que me deu
Ela perversamente me toma.
O que se lê é verdade:
Esta bela cabeleira,
Quando se quer tomar,
Calva se mostra
No trono da fortuna
Sentava-me no alto,
Coroado por multicores
Flores da prosperidade;
Mas por mais prospero que eu tenha sido,
Feliz e abençoado,
Do pináculo agora despenquei,
Privado da glória.
A roda da fortuna girou:
Desço aviltado;
Um outro foi guindado ao alto;
Desmensuradamente exaltado
O rei senta-se no vértice –
Precavenha-se contra a ruína!
Porque no eixo se lê
Rainha hécuba.